Hoje faz 31 dias que não como qualquer tipo de carne, o que é um grande marco para mim. Minha família sempre foi essencialmente carnívora e, por isso, tinha certeza que seria difícil abandonar o hábito. E qual não foi a minha surpresa…

Na verdade, parar foi mais fácil do que pensava. Sabendo do impacto que o consumo de animais causa no Planeta, já havia reduzido muito a quantidade de carne na alimentação. Mas foi ao perceber a dicotomia entre amar meus bichinhos e me alimentar de animais que decidi ser mais radical em minhas decisões. Percebi que, se tivesse um sítio com bovinos, caprinos e outros, certamente esses animais estariam mais para meus amigos do que para meus servidores. Percebi que sempre me preocuparia com seu bem estar. Não para que fossem produtivos, e sim para que estivessem felizes.

Não deixei de consumir ovos, leite e derivados. Alimentar-se fora de casa é muito difícil para aqueles que deixam de ingerir esses alimentos. Mas parar com a carne mostrou outras vantagens, sendo a principal ingerir mais frutas, legumes e verduras.

Muitos afirmam que o consumo de carne é muito mais um hábito cultural. Por essa razão, é importante perceber como indústria de alimentos faz as coisas de forma a não nos sentirmos responsáveis pelo alimento que está à disposição, seja ele de origem vegetal ou animal. Ele simplesmente está ali, no mercado ou no restaurante, preparado e embalado para consumo.

Só que por trás de uma embalagem bonita existe toda uma cadeia de suprimentos, que pode ou não tratar bem de seus integrantes.

Quando olhamos para um bife, um filé ou uma salsicha não conseguimos ver de que forma esse pedaço de carne chegou à nossa mesa. Nem mesmo somos capazes de perceber todo o impacto ambiental e social que está escondido naquele filé (leia mais sobre o assunto em Alimentação vegetariana para acabar com a fome). Assim, não nos sentimos responsáveis. Na verdade, acreditamos que a responsabilidade por tudo aquilo é do fabricante, do supermercado, do dono do restaurante.

Mas a responsabilidade é de todos nós. Um produto só existe porque alguém está disposto a pagar por ele. Assim, só há comércio de carne porque existem pessoas dispostas a consumi-la.

Ainda falta muito me sentir vegetariana. É preciso muito mais do que 31 dias para isso. Sinto que a diminuição do impulso para comer carnes precisa ser gradual e que uma ou outra recaída pode acontecer. Mas sempre que sentir minha determinação fraquejar, vou lembrar que a única transformação efetiva é aquela que ocorre de dentro para fora pois nada é tão forte quanto a decisão tomada de forma voluntária.

Créditos pela foto: fruit (and vegetable) salad by jenny downing (cc by)


Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.