Embora não gostemos de admitir, não somos tão altruístas quanto gostaríamos de ser. No fundo, o que se sobressai é sempre a opção mais adequada para o que precisamos. Mesmo quando buscamos ser mais conscientes sobre nossas escolhas de vida, dificilmente aceitaremos fazer sacrifícios se os benefícios percebidos não satisfazem nossas perspectivas em curto, médio ou longo prazo.

Todas as pessoas, de forma consciente ou não, adotam essa escala de valores. Por isso é tão difícil promover mudanças quando trabalhamos com muitas pessoas de históricos e experiências diferentes.

Quem tenta implantar programas de separação e reciclagem de lixo, por exemplo, costuma sofrer com a falta de comprometimento. Embora muitas sejam as tentativas de conscientização sobre a importância do programa, sempre existe alguém com “justificativas” para não participar.

Pois é… existem desculpas e justificativas para todas as coisas. Por isso precisamos incentivar a honestidade dentro da equipe. Se alguém não quer adotar uma atitude básica como a reciclagem de lixo, precisamos entender suas razões. Ás vezes, o que falta para conquistar o comprometimento é INFORMAÇÃO. Sempre existe alternativas para se fazer o certo, assim como existem várias desculpas para não fazê-lo.

Nesse contexto, a forma mais fácil de transformar idéias de difícil aceitação em prática é usar uma das máximas do marketing: conhecer os interesses do público-alvo e buscar suprir alguma necessidade através da idéia inicial. Se não houver uma vantagem clara para que as pessoas mudem o seu comportamento, elas não o farão. A adesão voluntária é sustentável, mas tentar manter um programa apenas pela imposição não funciona bem.

Por exemplo, usar os papéis de rascunho para fazer blocos de anotação é uma forma de reutilizar o material e costuma ter boa adesão. Separar os materiais recicláveis para vendê-lo e usar os recursos em confraternizações também é uma boa idéia. Premiar iniciativas que reduzam o consumo de recursos e materiais é outra forma de incentivar o uso consciente, além de reduzir custos.

E esse tipo de estratégia se aplica às mais diferentes situações, desde o ecologicamente correto até às crenças e valores humanos. Vivemos numa sociedade de valores deturpados e mentes desfocadas. Por isso precisamos encontrar relacionamentos entre crenças pessoais e culturais para estabelecer ligações entre as pessoas e a importância de seu papel no mundo.

Por fim, transformar idéias em ações exige tanto paciência quanto uma boa dose de bom senso. Por melhor que seja o projeto, precisamos sempre usar o “jogo de cintura” para converter opiniões e conquistar adeptos.

Image: Idea go / FreeDigitalPhotos.net


Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.