Propagação

Depois de preparar a terra com adubo orgânico é hora de plantar. Assim, nada melhor do que saber um pouco mais sobre os tipos de plantas e suas formas de propagação.

Classificação das espécies

Elaborada pelo engenheiro agrônomo Fernando Antônio Reis Figueira, a classificação a seguir leva em conta principalmente os métodos empregados no cultivo das plantas:

  • Grupo I – Cucurbitáceas – pepino, melão, melancia, abóbora, moranga, abobrinha-italiana e chuchu: as plantas são rasteiras ou trepadeiras e o plantio das sementes é feito direto em covas.
  • Grupo II – Brássicas folhosas – repolho, couve-flor, couve-de-bruxelas, couve-chinesa, brócolis e mostarda: são herbáceas de pequeno porte, que devem ser semeadas em sementeiras, replicadas para viveiros e transplantadas para o local definitivo em fileiras simples.
  • Grupo III – Solanáceas frutos – pimentão, berinjela, pimenta, jiló, tomate: são plantas arbustivas, ou seja, que forma arbustos. Devem ser semeadas em sementeiras e transplantadas para o terreno definitivo em fileiras simples. Sua produção é de longa duração com colheita parcelada.
  • Grupo IV – Leguminosas – feijão-vagem, feijão-de-lima, feijão-fradinho, ervilha e fava-italiana: são, no geral, trepadeiras com semeadura é feita diretamente em sulcos.
  • Grupo U – Folhosas diversas – alface, chicória, almeirão, agrião, espinafre, acelga, aipo, taioba, rúcula: semeadas em sementeiras e transplantadas, podendo ser plantadas diretamente no canteiro definitivo.
  • Grupo VI – Tuberosas – cenoura, mandioquinha-salsa, beterraba, batata, batata-doce, inhame, cará, rabanete, nabo, couve-rábano: a parte comestível é subterrânea. Propagam-se vegetativamente ou semeadas no local definitivo.
  • Grupo VII – Liláceas condimentares – alho, alho-poró, cebola, cebolinha: cultivadas em canteiros, pelo plantio direto das partes vegetativas ou por transplante de mudas de sementeiras.

As hortaliças que não podem ser incluídas nos grupos são agrupadas como Miscelânea pelo autor, tais como quiabo, milho-verde, aspargo, alcachofra e morango.

Formas de propagação

Entre as principais formas de propagação das plantas estão:

  • Sementes – é o método mais conhecido, embora nem sempre seja o mais fácil. No cultivo por sementes é preciso atentar para a variedade da planta, pois algumas exigem um tratamento mais cuidadoso para que sejam capazes de brotar, o que inclui a preparação adequada da terra, regas, proteção dos ventos e intempéries. Essas instruções costumam estar disponíveis nas embalagens das sementes e devem ser seguidas para que as plantas se desenvolvam adequadamente.
  • Reprodução vegetativa por estacas – é a reprodução da planta a partir de galhos ou de folhas, que garante a obtenção de um exemplar igual ao original. A multiplicação por estacas ou estaquia é feita por meio do plantio de um pedaço de galho da planta. A multiplicação por folha pode ser feita fixando o cabinho da folha no solo ou, dependendo da planta, inserir a folha diretamente na terra.
  • Reprodução vegetativa por alporquia – é um processo de multiplicação usado com plantas de caules lenhosos. O método consiste em fazer um corte no caule, bloqueando os alimentos que descem dos vasos externos e concentrando no ponto cortado. Com o uso de pó de hormônio no local, fibra de coco e um pedaço de plástico, fazer uma almofada ao redor no local cortado, fixando bem. Quando a almofada de fibra estiver cheia de raízes, o plástico deverá ser retirado e o galho cortado logo abaixo da almofada, sendo plantado em vaso.
  • Reprodução vegetativa por divisão de touceiras – é usado para plantas que produzem muitas folhas diretamente do solo, sem caule aéreo. Basta tirar a planta do vaso e separar as novas mudas, mantendo pelo menos quatro folhas. O replantio deve ser imediato para evitar que as raízes sequem.
Propagação por estacas de folhas - espada-de-são-jorge
Propagação por estacas de folhas – espada-de-são-jorge

Plantando temperos

Nada melhor do que poder usar temperos frescos nas receitas do dia-a-dia. Por isso, relaciono abaixo como multiplicar cinco plantas multiuso em qualquer cozinha:

  • Alecrim – planta semi-arbustiva, os pés de alecrim variam muito de tamanho. Gostam muito de sol e sua multiplicação pode ser feita tanto por sementes quanto por estacas de galhos. Este último precisa ser fixado em solo arenoso até formar raiz. Também é necessário um pouco de paciência, visto que o alecrim é muito sensível e pode não “pegar” da primeira vez.
  • Cebolinha – é uma planta bulbosa que vive por muitos anos, produzindo pés de 20 a 30 cm. Cresce melhor em solos levemente ácidos, com pH entre 6,0 e 7,0, enriquecidos com composto orgânico ou esterco curtido. A partir do plantio de sementes, a cebolinha pode levar até um ano para tornar-se adulta. Assim, a melhor forma de plantio consiste em dividir o pé da cebolinha em bulbos com algumas folhas, plantando-os à distância de 20 cm em covas de até 5 cm. Ideal para plantar na primavera, em locais da casa onde a temperatura fique abaixo de 32°C. Podem ser cultivadas em jardineiras.
  • Coentro – produz sementes com sabor semelhante ao limão e folhas com sabor acentuado. Os pés de coentro podem chegar a 75 cm de alguma com folhagens bem divididas. Necessita de incidência direta de sol e solo com pH entre 6,0 e 7,0. A melhor época para plantar é na primavera, colocando as sementes a uma profundidade de 2 cm. Quando as mudas chegarem a 5 cm, escolha as mais fortes e plante com espaçamento de 20 a 25 cm. Periodicamente, corte a planta e coloque num saco para depois separar novas sementes.
  • Hortelã – é uma planta perene que forma touceiras de 30 cm de altura. Desenvolve-se tanto em locais ensolarados quanto com alguma sombra. Sua multiplicação pode ser feita por estacas de galhos ou por divisão de touceiras.
  • Manjericão – o manjericão é uma planta que se propaga por sementes ou vegetativamente, por meio do uso de galhos plantados diretamente em substrato com composto orgânico. Atinge de 40 a 60 cm e pode ser plantada em vasos. Também podem ser cultivados em água, desde que esta seja trocada todos os dias. Ideal para plantar na primavera.

Como fazer uma sementeira

A semeadura pode ser feita num pedacinho do jardim, usando bandejas de semeadura de isopor ou plástico e até mesmo reutilizando garrafas PET. Seja qual for o modelo, na sementeira deverá ser usado um substrato de boa qualidade, de preferência orgânico, com sementes de boa procedência e um local a meia luz, ou em estufa (estou usando uma caixa plástica clara para cobrir a sementeira, o que mantém a luminosidade e dá proteção às sementes).

Minha sementeira
Minha sementeira
Outra idéia para sementeira
Outra idéia para sementeira

Para plantas de difícil manipulação, uma opção é plantar diretamente no local onde se desenvolverá criando uma estufa móvel, como copos de vidro ou uma estrutura com cobertura em plástico.

No caso do plantio de estacas, um método muito prático é usar um saco plástico transparente com substrato. Os galhos são fixados diretamente na terra umedecida. Depois é só soprar ar no saco e fechá-lo, mantendo-o em lugar iluminado. Quando as raízes atingirem 2,5 cm, é só abrir a boca do saco gradativamente, durante uma semana, antes de plantar no vaso definitivo.

Estacas de galhos com o saco aberto
Estacas de galhos com o saco aberto
Estacas de galhos com o saco fechado
Estacas de galhos com o saco fechado

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Nos próximos artigos vou falar sobre como plantar em vasos e replantio. Até lá!

Referências

Plantas e Flores – Jardinagem dentro e fora de casa – Editora Abril

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Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.