Na COP15 muito se falou sobre a necessidade de combater o aquecimento global. Mas pouco se discutiu sobre as mudanças fundamentais que o mundo precisa, como um estilo de vida que não seja baseado no consumo. Sabemos que falar sobre consumo ainda é um tabu, já que a economia mundial hoje depende da troca de bens e serviços. Mas, não se pode negar que o consumismo é um dos males da vida moderna, refletindo não só na exploração insensata de recursos naturais como também na depreciação da vida como um todo. Dessa forma, é um erro acreditar no desenvolvimento de tecnologias mais eficientes como única solução para todos os problemas mundiais.
“Reproduzir os atuais padrões de consumo, usando tecnologias sustentáveis, não permitirá que o grande problema social de inclusão de toda a humanidade em um modo digno de vida possa ser resolvido. Talvez até mesmo se resolva a questão do aquecimento global, o que não parece provável, mas certamente o mundo se deparará com outros limites naturais e sociais. Melhor começar a mudança mais cedo e não mais tarde, conscientizando as pessoas para o poder e o impacto social e ambiental de seus atos de consumo, e buscando fazer com que um novo modelo de consumo seja gradualmente introduzido e valorizado pela sociedade. Um modelo onde se consome para viver e não se vive para consumir.” (Mariana Chammas e Helio Mattar para o Instituto Akatu)
Se inteligência humana é capaz de criar coisas tão maravilhosas como a Internet, por que ainda não fomos capazes de admitir que o nosso modo de vida atual não faz bem aos habitantes desse Planeta? Em menos de 300 anos, a concentração de CO2 na atmosfera aumentou em 38%, a Amazônia poderá perder até 4,3 milhões de metros quadrados até 2100 pelo impacto das mudanças climáticas e os refugiados do clima poderão chegar a 150 milhões em 2050.
Diante dessas questões fica claro o papel do consumidor como agente de mudanças. Adotar hábitos de consumo sustentáveis, comercialmente justos e eticamente corretos não é mais uma opção; tornou-se uma necessidade.
Créditos pela foto: Brave New Films