O artigo As muitas verdades entre o consumismo e a frugalidade do Dinheirama.com me fez pensar sobre nossa resistência em abrir mão de uma satisfação imediata em troca de benefícios futuros. Temos dificuldades em poupar, consumir produtos mais saudáveis, fazer exercícios regularmente. Todas as atividades que comprometem nosso prazer imediato são tidas como limitadoras… e não gostamos elas. Mas, como podemos esperar ter tranquilidade no futuro se não plantamos no presente?  Como equilibrar nossas necessidades hoje sem comprometer nossas necessidades futuras?

Sabe aquela mensagem das propagandas de cerveja: “beba com moderação”? Ela se aplica a muito mais coisas do que podemos imaginar, tais como: alimente-se com moderação, compre com moderação, trabalhe com moderação. Entre os conceitos de bem e mal está a moderação, mostrando que a diferença entre veneno e remédio é a dose.

Semelhante à moderação, está a frugalidade. Ao contrário do que se pensa, ser frugal não significa adotar um estilo de vida que usa menos recursos do que precisamos. Adotar a frugalidade no dia a dia significa usar os recursos necessários, de forma equilibrada.

Talvez hoje seja quase um desafio conseguir determinar um limite pessoal entre opulência e frugalidade. Com tantas opções de produtos e serviços que geram mais conforto e praticidade para a vida, torna-se difícil identificar o que é necessidade do que é desejo. Semelhante à questão da fome em dietas, o principal é sempre identificar quando estamos sentindo fome e quando é vontade de comer: cada situação tem um tratamento diferente. Identificá-las é essencial para controlar a compulsão.

Entre as compulsões temos as compras por impulso, que são as principais vilãs do orçamento. Completas desconhecidas, tomam o lugar das despesas planejadas, deixando-as sem espaço no orçamento. Resta então entrar no cheque especial… ou resistir aos impulsos.

Mapear e revisar com frequência nossos hábitos de consumo ajuda a identificar itens supérfluos ou mal utilizados. Esses itens podem ser o pacote completo da tv a cabo que não é usado, a revista que quase nunca é lida, os livros que foram comprados e ainda estão na fila para leitura, os alimentos vencidos ou estragados, os equipamentos que ficam em stand by, entre outros. Com a identificação dos supérfluos podemos realizar ações para economizar dinheiro e recursos, como escolher um plano de tv a cabo mais barato, cancelar as revistas recebidas, evitar comprar livros até ler os disponíveis e buscar feiras de trocas, diminuir descarte de alimentos, tirar os aparelhos da tomada.

Além de mapear os supérfluos, também é importante mapear as atividades que você e sua família mais apreciam. Muitas atividades podem ser realizadas a um custo muito baixo, como visitas a parques e zoológicos municipais (com uma cesta de piquenique feita em casa), andar de bicicleta ou caminhar em lugares arborizados, jogos de tabuleiro, contar “causos” com chimarrão ou café, entre outros. É importante encontrar atividades que integrem e fortaleçam os laços familiares, e sem grandes despesas.

Para concluir, adotar um estilo de vida mais simples é encontrar o equilíbrio entre SER e TER. O consumo nunca deve substituir os verdadeiros prazeres da vida. Pode, no máximo, complementá-los.

Créditos pela foto: aeu04117


Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.