No artigo Como realizar suas metas – o método Zen To Done comentei sobre uma forma muito prática de gerenciar tarefas e realizar nossas metas. O método usa o principio do separo do joio do trigo das tarefas, permitindo que se tenha o foco no que realmente importa.

Mas ainda ficou em aberto a questão da elaboração das nossas metas. Na série de artigos do blog sobre planejamento, apresentei um modelo para elaboração do plano de marketing pessoal baseado nos usados em planejamento para empresas. É modelo muito eficiente no que diz respeito à definição de objetivos e metas, mas passado algum tempo percebi que ele é muito superficial em relação à definição da missão pessoal.

Isso me incomodou por um bom tempo. Não só em relação a esse método, mas em relação a vários outros que têm como objetivo ajudar a definir nossa missão pessoal. Afinal, como podemos ter certeza de haver definido corretamente nossa missão se a busca por ela pode ter começado no lugar errado? Isto é, com a quantidade de estímulos externos, como podemos nos voltar para dentro e identificar o que viemos manifestar nessa vida?

Por essa razão fiquei um bom tempo repensando minha missão / visão / valores sem conseguir me identificar com o que já havia escrito. Isso me incomodou ainda mais. Sempre acreditei que a missão deveria ser algo minimamente mutável, com a qual pudesse me identificar sempre. Então como poderia não me identificar com o que havia escrito no ano anterior?

Através de uma boa reflexão, encontrei duas razões para esse problema. Primeiro, escrevi uma missão para alguém que não sou. Ou seja, quis definir a missão com base em fatores externos, como a opinião dos outros sobre mim. Segundo, os métodos que usei não foram desenhados para servir como uma ferramenta de auto-conhecimento. Com a quantidade de informações existentes hoje no mundo, a última coisa que alguém faz é olhar para dentro de si. Por isso precisamos de um guia para encontrar o caminho.

Mas só tive essa clareza sobre o assunto após conhecer o livro “The Path”, da autora best-seller e empresária Laurie Beth Jones. Este apresenta, passo a passo, como entender e identificar nossa missão. E esse é o primeiro conceito que precisamos ter em mente segundo a autora. Nós não criamos a missão: ela se revela através do auto-conhecimento. É como na relação entre o escultor e a pedra: ele só retira o que está em excesso na pedra para revelar a obra que estava dentro dela.

Antes de começar a definição da missão, é importante saber o que ela não é. Isso porque existem várias crenças em torno do conceito de missão pessoal que atrapalham na identificação desta. Assim, o livro nos apresenta várias, mais precisamente onze, deixando claro como estas afetam o processo de identificação da nossa missão. Veja algumas delas:

  • “Meu trabalho é a minha missão” – ao contrário do que pensamos, o trabalho que realizados é apenas uma parte da nossa missão. Nós realizamos a missão todos os dias, não importa o trabalho ao qual estejamos vinculados. Se ele termina, como quando nos aposentamos, nossa missão continua.
  • “Meu papel social é minha missão” – da mesma forma que o trabalho, nosso papel social é outra forma de manifestar a missão. Como mãe, pai, filho, chefe, coordenador, voluntário temos a oportunidade de colocar nossa missão em ação, mas ela está além desses papéis.
  • “Não estou vivendo minha missão hoje” – há uma crença de que algo muito significativo precisa acontecer para nossa missão começar. Mas isso não é verdade pois todos estamos vivendo nossa missão a cada dia, de alguma maneira. Só precisamos identificá-la.
  • “Não sou importante para ter uma missão” – não importa o tamanho da missão: ela é importante para alguém. Grandes eventos não foram gerados apenas por grandes decisões. Basta ver hoje como as redes sociais fazem empresas e governos mudarem de atitude diante da manifestação das pessoas. São pessoas importantes ou conhecidas? Nem sempre. Mas cada um, fazendo a sua parte, pode mudar as coisas para melhor.
  • “Minha missão tem que ser grande ou ajudar muitas pessoas” – não necessariamente. Basta imaginar as pessoas que influenciaram a vida dos grandes gênios da humanidade. Embora essas pessoas não sejam famosas ou não tenham realizados grandes feitos, elas colaboraram na formação de grandes seres humanos. E tenho certeza que, não fosse por elas, esses grandes homens e mulheres não teriam alcançado seus feitos. Por isso, uma missão não é pequena ou grande: ela é única para cada pessoa.

Esse é um conhecimento realmente esclarecedor, não é mesmo? Faz-nos pensar o quanto podemos estar nos limitando para encontrar nossa missão, o que pode estar colaborando para postegarmos essa ação. Por isso, falarei nos próximos artigos sobre o método apresentado do livro “The Path” para identificar nossa missão pessoal.

Sugestão de Exercício: reflita sobre essas falsas crenças, buscando identificar se alguma delas o afeta diretamente. Isso vai ajudar na identificação da sua missão.


Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.