Os problemas em relação ao lixo nas grandes cidades estão estampados em revistas e jornais, para quem quiser ver. Enquanto entra no mercado (e em nossas casas) uma quantidade absurda de itens descartáveis, os aterros sanitários caminham para um beco sem saída. E a solução não é criar mais aterros, e sim gerar menos ou nenhum lixo (por lixo entenda-se tudo aquilo que não tem serventia para nós ou qualquer outro ser).

Na verdade, a questão do lixo é um contracenso. Embora todos reconheçam a importância da reciclagem, poucos são os que realmente praticam. E as razões para tal vão desde a falta de coleta seletiva na região onde se mora ou trabalho, até o “uma andorinha só não faz verão”.

É claro que fazer mudanças não é fácil. Alterar rotinas já estabelecidas dá trabalho, exige tempo e recursos. Mas precisamos tomar uma atitude em relação a esse problema. O lixo que geramos é de nossa responsabilidade. Quando colocamos o lixo na rua ele não some, apenas muda de lugar. Vai para o quintal de outra pessoa. É como de o seu vizinho jogasse o lixo no seu quintal. Ele continua existindo. Daí a importância da redução, reutilização e reciclagem.

Se pararmos para pensar, todo o lixo que geramos não é lixo. É um subproduto de um processo que pode ser insumo para outro. Vejamos o exemplo da compostagem: um resíduo orgânico, subproduto do nosso processo de alimentação, não é lixo. Ele pode ser usado para outras receitas, alimentação de animais e compostagem. Todos esses processos gerando novos produtos. E isso acontece para todo e qualquer tipo de resíduo.

Então porque temos tão arraigada a cultura de que tudo o que não nos atende mais é lixo?

Simplesmente porque é mais fácil passar a bola para os outros. É muito mais fácil juntar tudo num saco plástico e colocar na porta de casa para o lixeiro.

Ter critério para comprar, evitar produtos com muitas embalagens ou de difícil reciclagem, separar as embalagens usadas, armazenar, levar para um local de coleta, enfim, criar um processo para realizar a reciclagem dá trabalho.

Mas a questão passa pelo mesmo princípio que norteia a nossa economia: oferta e demanda. Quanto mais pessoas praticarem a separação dos resíduos para reciclagem, mais economicamente viável ela se torna para cooperativas e empresas. A partir daí se torna mais fácil encontrar alguém que retire os resíduos periodicamente, diminuindo o nosso trabalho inicial. Ou seja, tudo muda se nós mudamos. Ou quando, pelo menos, damos o ponta-pé inicial.

Por isso, se você quer ser mais sustentável em 2011, faça dos 3Rs um companheiro no dia-a-dia. É uma atitude voluntária que pode mudar o rumo das coisas. E para você que faz isso no dia-a-dia, que tal compartilhar sua experiência com outras pessoas para incentivá-las a fazer reciclagem? Afinal, toda mudança começa apenas com a iniciativa de uma única pessoa. Seja você a mudança que quer ver na sua vizinhança.


Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.