O EcoGeek recentemente levantou uma questão interessante sobre a explosão dos eBook Reader´s no mercado americano. A questão é se toda essa procura pelos equipamentos é realmente benéfica para o meio ambiente, considerando principalmente as emissões de carbono geradas para sua produção em oposição à geração de carbono da indústria editorial.

Conforme já comentei aqui, um segundo estudo do Cleantech Group, o carbono gerado pela fabricação de um eBook Reader como o Kindle pode ser compensado com a substituição de aproximadamente 23 livros impressos por virtuais durante a vida útil do equipamento.

Assim,  se a idéia do leitor é realmente deixar de comprar livros impressos para usar um eBook Reader, adquirir um gadget desses é louvável. Mas quando o impulso em comprar esse equipamento serve apenas para satisfazer uma necessidade de consumo, o quadro é totalmente diferente.

Mais uma vez retornamos à questão necessidade versus desejo de consumir. Toda ação tem uma reação de igual valor e, por isso, qualquer consumo que fazemos gera um impacto imediato na cadeia em que o produto está inserido. Daí a grande importância de analisarmos previamente todos os aspectos de uma escolha de consumo, principalmente quando envolve gastos significativos.

Voltando à questão do eBook Reader, a utilidade do equipamento para algumas pessoas é muito clara. Afinal, ele também pode ser usado como leitor de outros materiais escritos que talvez precisassem ser impressos, como apostilas e apresentações da faculdade, por exemplo. Mas se a função do equipamento não estiver muito clara, a possibilidade de encostá-lo é considerável.

Por isso, confesso que só agora comecei a pensar mais sério sobre adquirir um eBook Reader. Os equipamentos, apesar de melhorarem de versão para versão, ainda não atendem todas as necessidades que eu gostaria de ver, ou até mesmo se mostram pouco robustos para o uso diário. Por isso, no meu caso, comprar um dispositivo agora pode significar ter que considerar trocá-lo daqui a algum tempo. E como meu objetivo é usar um equipamento por um bom tempo, prefiro esperar.

Se esse também é o seu caso, avalie bem as necessidades que precisa atender. Pode ser mais interessante esperar um pouco e adquirir algo que vai atendê-lo por um bom tempo a comprar agora e precisar trocar.

Agora, se você leu o texto Consumo solidário e fraldas de pano pode achar estranho que eu defenda o consumo imediato de um tipo de produto mas sugira que se aguarde para consumir outro. Por isso, quero ressaltar que não podemos confundir produtos de baixo impacto ambiental com grande facilidade de serem degradados pela natureza (como as fraldas de pano) com produtos que exigem um processo complexo (e caro) de reciclagem, que é o caso dos produtos eletrônicos. Uma coisa é reconhecer as boas práticas e financiá-las, mesmo que os produtos ainda não sejam tão bons. Outra é não pensar para consumir produtos que exigem uma grande quantidade de energia para serem fabricados e reciclados.

Assim, estar consiente das nossas escolhas a cada momento é fundamental não só para evitar gastos desnecessários, como também manter nossa pegada ecológica dentro de um nível adequado.

Créditos pela foto: daqui


Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.