Após intenso suspense, as metas de redução de emissão dos gases do efeito estufa foram apresentadas. Seja pelo real comprometimento dos governos em mitigar o aquecimento global, seja pela intensa pressão popular, as propostas foram postas à mesa.
Veja abaixo as metas que serão levadas por cada país à cúpula de Copenhague, na Dinamarca, com início amanhã, dia 07/12:
País Desenvolvidos | Meta anunciada para 2020 | Ano Base 1990 |
Estados Unidos | 17% abaixo de 2005 | 3.5% |
Japão | 25% abaixo de 1990 | 25% |
União Europeia | 20-30% abaixo de 1990 sob condições | 20-30% |
Canadá | 20% abaixo de 2006 | 3% |
Rússia | 20-25% abaixo de 1990 | 20-25% |
Austrália | 5-25% abaixo de 2000 ou 2005 cond. | até 13% * |
Nova Zelândia | 10-20% abaixo de 1990 sob condições | 10-20% |
Suíça | 20-30% abaixo de 1990 sob condições | 20-30% |
Noruega | 30-40% abaixo de 1990 | 30-40% |
País em desenvolvimento | Meta anunciada para 2020 | |
China | 40-45% corte por unidade do PIB | |
Brasil | 36-39% abaixo do BAU** em 2020 | |
Coreia do Sul | 30% abaixo do BAU em 2020 | |
Indonésia | 26% abaixo do BAU em 2020 | |
Índia | 20-25% corte por unidade do PIB |
* Excluindo regras de uso especial da terra e florestas aplicadas na Austrália
**Business as Usual – significa manter os negócios como hoje, sem mudanças
Fonte: Mercado Ético – Com metas de cortes de CO2 na mesa, vamos negociar (cc by)
A negociação e definição de metas é só o começo. Após assumir seus compromissos, cada país deverá promover ações para alcance dos resultados. Entre elas estão a substituição de fontes de energia fósseis por renováveis, melhorar a eficiência energética de indústrias e transportes, reduzir desmatamentos e aperfeiçoar as práticas usadas na agropecuária, como a captação do metano produzido pela suinocultura.
As possíveis repercussões da cúpula já provocam preocupações. Os produtores de petróleo, por exemplo, temem que as decisões de Copenhague causem a eles prejuízos econômicos. O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi), o leonês Kandeh Yumkella, defende a criação de imposto especial sobre o CO2 gerado por combustíveis fósseis para tornar o investimento em energias renováveis competitivo. Ele cita que, em comparação com a energia gerada a partir do carvão e dos combustíveis fósseis, o custo das energias renováveis continua muito elevado. Assim, só a taxação do CO2 poderia incentivar a adaptação das indústrias a tempo de evitar uma crise climática.
Por outro lado, essa taxação impactaria diretamente na economia de países que dependem da renda gerada pela exportação de petróleo, o que pode gerar discussões para criação de mecanismos de compensação. Diante dessa questão, vale lembrar que os efeitos negativos das mudanças climáticas são sentidos principalmente pelos mais pobres, que estão despreparados para enfrentar situações de escassez de comida, água potável, saneamento, saúde e moradia. Basta ver que hoje já existem pessoas na Índia expulsas de suas casas pela subida dos mares. Dessa forma, a questão econômica não pode ser empecilho para as ações necessária à mitigação do aquecimento global.
Por outro lado, as metas propostas podem ainda não ser suficientes. Segundo levantamento feito pela Ecofys, Climate Analytics e Instituto de Pesquisa Potsdam pelo Impacto Climático, a temperatura subirá além de 3º C em 2100 com as metas apresentadas até agora. A projeção é de que a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera passe de 650 partes por milhão (ppm) para 800 ppm, o que representa um aumento na temperatura média do planeta em 3,5 a 4ºC.
Já a meta brasileira para redução das emissões foi considerada suficiente. Com a proposta de redução de 36% a 39% das projeções de referência para 2020, o Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento a fixar um objetivo. Entre as medidas proposta pelo Governo estão a redução da taxa de desmatamento da Amazônia em 80% (20,9% menos emissões), seguida pela redução do desmatamento do Cerrado em 40% (3,9% menos emissões). Na agricultura, as reduções das emissões variam de 4,9% a 6,1%. No setor energético as reduções variam de 6,1% a 7,7%, tendo como foco a eficiência energética, o uso de biocombustíveis e outras fontes alternativas, como bioeletricidade e energia eólica.
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