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Nome: Capitalismo Natural – Criando a próxima revolução industrial
Autor: Paul Hawken, Amory Lovins e L. Hunter Lovins
Editora: Cultrix / Amana-Key
Páginas: 358
Preço médio: R$ 50,00

Paul Hawken é ambientalista, empreendedor, jornalista e escritor. Dedica sua vida à sustentabilidade e às mudanças nas relações entre negócios e o meio ambiente. Sua experiência inclui fundar e gerir empresas ecológicas, escrever e ensinar sobre os impactos do comércio nos sistemas vivos, e prestar consultoria a governos e corporações sobre desenvolvimento econômico, ecologia industrial e políticas sobre meio ambiente.

Quem apresenta a edição brasileira de Capitalismo Natural é Oscar Motomura, Diretor Geral da Amana-Key. Em seu texto afirma “Este é um livro para pessoas que querem fazer a diferença”, o que, ao longo da leitura, mostra-se totalmente verdadeiro. Ele pergunta:

“Se o capitalismo tradicional, como sistema, não tem funcionado a contento (desequilíbrios sociais, destruição de recursos naturais, mudanças climáticas, que geram inundações, secas, expansão do crime organizado, aumento do desemprego, etc.), qual a alternativa que temos?”

A resposta é, certamente, a visão não mecanicista apresentada em Capitalismo Natural.

Muito além do capital financeiro

O livro vai além da antiga máxima terra – capital – trabalho, dividindo em quatro os tipos de capitais necessários à economia:

  • “O capital humano, na forma de trabalho e inteligência, cultura e organização
  • O capital financeiro, que consiste em dinheiro, investimentos e instrumentos monetários
  • O capital manufaturado, inclusive a infra-estrutura, as máquinas, as ferramentas e as fábricas
  • O capital natural, constituído de recursos, sistemas vivos e os serviços do ecossistema”

O conceito de capital natural compreende não só os recursos naturais, como também os serviços de suporte a vida prestados pela natureza a 3,8 bilhões de anos. Apesar de sermos dependentes desse serviço, pois não há máquinas capazes de repor os sistemas naturais de manutenção à vida, o capitalismo industrial segue acabando com os recursos necessários para mantê-lo. Isso certamente significa um prazo bem curto para continuar tendo lucros no modelo atual.

“Se se atribuísse valor monetário à provisões de capital natural, supondo os “juros” rendidos por 36 trilhões de dólares em ativos, o capital natural do mundo seria avaliado em algo entre quatrocentos e quinhentos trilhões de dólares: dezenas de milhões para cada habitante no planeta.”

Metabolismo industrial e o desperdício

São muitos os desperdícios gerados pelo sistema atual, tanto de recursos, pessoas e até de dinheiro. A diferença fundamental entre os processos industriais e os processos naturais é que este último possui reguladores naturais que, de forma cíclica, transforma o resíduo de um processo em matéria-prima para outro. Ou seja, tudo se transforma. Já os processos industriais estão, historicamente, fora de controle. Apesar das legislações que regem os vários processos em torno do mundo, a quantidade de lixo e desperdício é muito grande.

“Todo produto que consumimos tem uma história oculta semelhante, um inventário não escrito de material, recursos e impactos. É também acompanhado pelo desperdício gerado por seu uso e disposição. Na Alemanha, essa história oculta é chamada “mochila ecológica”. A quantidade de refugo produzido para fazer um chip semicondutor é de mais de 100 mil vezes o se peso; o de um laptop chega a quase 4 mil vezes o seu peso. São necessários dois litros de gasolina e mil de água para produzir um de suco de laranja da Flórida. Uma tonelada de papel exige o emprego de 98 toneladas de diversos recursos”.

No âmbito social, o desperdício é caracterizado por cerca de 30 por cento da força de trabalho mundial, que não conseguem trabalhar ou têm trabalhos tão humildes que não são capazes de manter suas famílias com dignidade. Apesar de consideradas recursos pelas organizações, a falta de valorização das pessoas em detrimento da supervalorização dos recursos naturais indica que os recursos humanos não são dos mais importantes. Quando necessita-se de redução de custos e aumento no lucro, raramente as empresas não consideram fazer demissões, embora o tratamento aos derperdícios de energia e matérias-primas representassem um resultado mais significativo, social e ambientalmente.

“Em um mundo em que um bilhão de trabalhadores não encontram um emprego decente ou simplesmente um emprego, somos obrigados a afirmar o óbvio: não é possível – por meio algum: monetário, governamental, caritativo” – criar uma noção de valor e de dignidade na vida das pessoas se, ao mesmo tempo, criamos uma sociedade que evidentemente não precisa delas.”

Produtividade da energia

A solução para a demanda crescente por energia não está na geração. O que é necessário é o aumento na produtividade da energia e dos materiais usados na indústria, o que é possível por meio do desing, do uso de novas tecnologias, de controles, da cultura empresarial, de novos processos e da economia de materiais. O autor considera que todos os equipamentos e instalações que usamos foram projetados por conceitos errôneos que desperdiçam energia. Assim, por meio da inovação, é possível reduzir drasticamente o consumo sem perder eficiência. Tanto a cultura empresarial quanto os processos de fabricação precisam focar no aperfeiçoamento contínuo, agindo como uma instituição de ensino que faz seus integrantes pensarem criticamente, e não apenas cumprir suas funções mecanicamente.

Engenharia de todo o sistema

É necessário pensar um projeto muito além de seu custo, ultrapassando a idéia de que o melhor geralmente custa mais. Ao se fazer o projeto de uma casa usando o melhor isolamento térmico (que custa mais do que as versões normais) estará se poupando energia desde o primeiro uso da residência. Um isolamento bem feito pode eliminar a necessidade de aquecimento (ou resfriamento) do imóvel, economizando na instalação desses sistemas e no uso de energia que resultariam.

Considerações

É quase impossível falar sobre todos os aspectos de Capitalismo Natural. Sua riqueza exige não apenas leitura, mas uma profunda reflexão sobre cada um dos aspectos abordados por Paul Hawken. Como disse no início desse texto, Capitalismo Natural é o livro para quem quer fazer a diferença, e ele realmente ensina como fazê-lo.

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Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.