Texto originalmente publicado na Revista Deusas Edição 3 – Inverno 2009

Nada como um banho quente para que possamos relaxar ao final de um dia cansativo. Ainda mais no inverno, quando é tão gostoso tomar banhos mais demorados. Infelizmente, banhos mais demorados não ajudam só a relaxar: também aumentam as contas de água e de energia elétrica.

Em média, um chuveiro elétrico fica ligado cerca de 40 minutos / dia para atender uma família com 3,8 pessoas, com uma potência média de 5,00 KW, apresentando um consumo anual de 1204 KWh. Mas, além do impacto que o uso exagerado do chuveiro causa em nosso bolso, cada KWh consumido no chuveiro produz cerca de 0,6 Kg de gás carbônico CO2 em usinas termelétricas  ou, em usinas hidrelétricas, usa 7 metros cúbicos de água das represas.

Agora, imagine esse consumo multiplicado por cerca de 40 milhões de famílias brasileiras. Quanta água se faz necessária para gerar essa quantidade de energia?

Observe que o simples hábito de tomar banho é responsável por uma parcela significativa das emissões de gases do efeito estufa, além de fazer uso de um recurso natural tão precioso – a água – para fins menos nobres. Felizmente, hoje podemos ajudar a reduzir esses impactos, sem sair de casa, usando um sistema de custo relativamente baixo e com excelente taxa de retorno: o aquecedor solar.

O aquecedor solar tradicional é um sistema que usa coletores planos em vidro com serpentinas em cobre, geralmente com acabamento em alumínio, e um reservatório térmico de 200L em aço inox. A água fria desce do reservatório, passando pelas serpentinas. Quando aquecida, sobe para o reservatório, sendo conservada quente até seu uso.  Possuem grande durabilidade, com garantias de fabricação de 5 a 10 anos. As principais desvantagens desses sistemas são a necessidade de tubulações de cobre para a água quente e o preço, algo em torno de R$ 1.400,00.

Outros modelos de aquecedor solar presentes no mercado são feitos de materiais de baixo custo, o que os torna economicamente mais acessíveis sem perda de eficiência. A instalação também é mais simples, pois usa a própria tubulação da casa (em PVC) sem necessidade de quebrar paredes. Possuem garantia de 3 anos e custam em torno de R$ 700,00.

E, para os adeptos da categoria econômica “faça você mesmo”, existe o aquecedor solar de baixo custo – ASBC – desenvolvido pela Sociedade do Sol, que se adapta à caixa d água existente na residência e tem um custo estimado de R$ 500,00 – reservatório de 500L. O manual que ensina passo-a-passo a montar o Aquecedor Solar de Baixo Custo está disponível no site Sempre Sustentável, seção “Energia Solar” => “Manual de Construção ON LINE“. O tempo de retorno desse investimento gira em torno de 9 meses – considerando que o aquecedor solar substitui cerca de 75% do uso de energia elétrica a um custo médio de R$ 0,43 por KWh.

Investir em aquecimento solar também ajuda a garantir o banho quentinho em regiões sem acesso à energia elétrica, bem como em apagões. Por isso, adotar um sistema de aquecimento solar vai além da economia no orçamento doméstico: significa aumentar nossa independência aos serviços públicos e a diminuir o impacto de nosso hábitos de consumo ao Planeta.

Funcionamento do sistema ASBC

imagem_aquecedores_011 – Caixa de água tradicional

1.1 – Camada de água quente: Seu volume é comandado pela diferença de altura entre saída de água fria aos coletores B, e o nível da água da caixa.

1.2 – Camada de transição: É a camada que interliga a camada de água quente com a camada de água fria.

1.3 – Camada de água fria: Tem a função do reservatório tradicional.

1.4 – Isolamento térmico da caixa de água: Cobre as áreas da caixa ocupadas pelo volume de água quente. Evita perda de calor no decorrer do período, dia e noite.

1.5 – Sistema de “dutos furados”: Distribui na caixa de água os fluxos provenientes respectivamente dos coletores solares e da (torneira de) Bóia.

2 – Coletores solares simplificados

Tem a mesma função dos coletores tradicionais (aquecer água). Caracterizam-se por serem mais simples, sem cobertura de vidro, mais econômicos, não esquentando a água tanto quanto o coletor solar tradicional. Isto traz três vantagens: Reduz as perdas térmicas de todo o circuito de circulação de água, minora o perigo da água quente ferir crianças, permite o uso dos dutos de água tradicionais da casa brasileira (PVC) para a água quente.

3 – Misturadores de água quente

Apesar da água quente dificilmente ultrapassar a temperatura do corpo, o usuário tem o direito de tomar um banho frio. Para que isto seja possível, a água quente que vem pelo duto G, deverá ser adicionada à água fria do duto H. Com um registro 3, a água quente será controlada, temperando a água oferecida ao usuário através do duto I e do chuveiro elétrico.

4 – Dutos de água do sistema ASBC – A, B, C, G e H

Face às relativamente baixas temperaturas que envolvem o aquecimento do ASBC, todo o sistema poderá ser desenvolvido com dutos de PVC, muito conhecidos por todos envolvidos em construção e reformas de habitações no Brasil.

Fonte: Sempre Sustentável

Texto originalmente publicado na Revista Deusas Edição 3 – Inverno 2009


Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.