tunnels-of-timeTemos nossos pensamentos sempre mais focados no futuro do que no presente. Continuamente, nossas preocupações são voltadas para atingir certos resultados em algum tempo futuro. Quando estamos começando no mercado de trabalho, desejamos conseguir uma oportunidade. Ao conseguir uma colocação, precisamos logo pensar sobre como progredir no trabalho para ter mais responsabilidades. Ao conquistar funções de confiança, com as respectivas remunerações, precisamos iniciar a jornada para a função seguinte na hierarquia ascendente. Assim, nunca vivemos o momento real em que os eventos acontecem.

Essa epidemia de viver no tempo futuro, associada à cultura consumista, nos faz perder de vista o que é importante. Estamos sempre vivendo uma espiral de substituições do ter. Sentimos uma constante necessidade de ter coisas novas, diferentes. Se tenho uma televisão tela plana, mesmo quase não fazendo uso dela, preciso ter uma televisão LCD. Quando tenho uma televisão LCD, mesmo funcionando perfeitamente, tenho que ter uma televisão LDC com HDTV. E assim, sucessivamente, vamos substituindo nossa necessidade de SER pela constante substituição do TER.

Mas nada é realmente nosso. Podemos trabalhar, acumular dinheiro, comprar casas e carros, jóias e roupas, mas nada disso nos acompanhará após o fechar da cortina da existência. Tudo é passageiro e as coisas que usamos só nos são emprestadas.

Pobre daqueles que fazem da vida um acúmulo de riquezas! Nunca serão capazes de distinguir o verdadeiro ouro da evolução da pirita do consumo.

O que preservamos é aquilo que vivemos, experimentamos, testemunhamos, aprendemos. Viver a vida é testemunhar o seu acontecimento. É estar presente, consciente de si mesmo a cada momento, desde quando acordamos até quando dormimos. É observar nossos pensamentos, palavras e emoções para melhorar nosso auto conhecimento. É refletir sobre os assuntos que nos são apresentados sem preconceitos ou decisões pré moldadas. É escolher ser livre para ser autêntico.

Por isso, busquemos nos libertar do medo de não ter. Aceitemos a vida como nos é apresentada, sem sonhos ou pesadelos, apenas uma linha que avança no tempo, de forma igualitária, ignorando as diferenças concebidas pela mente finita do homem.

Crédito pela foto: fdecomite


Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.