Hoje, a caminho do trabalho, observei dois acidentes e vários quase acidentes na rota que faço todos os dias. Então me perguntei: por que hoje este caminho está tão conturbado? Será a ansiedade pelo carnaval, feriado e viagens que faz as pessoas correrem para o dia passar logo? Mas o dia está apenas começando. Será que estamos sofrendo da síndrome de pressa excessiva?

Há quem diga que o mais importante é o resultado, o destino final, e não a viagem. São aqueles que acreditam em progresso sem conseqüências, pessoas como engrenagens e lucro como único objetivo de vida. Também são aqueles que trabalham visando o salário, a chegada do final de semana e dos feriados.

Só que a vida é uma viagem que não conhecemos o destino final. Vamos seguindo, dia a dia, realizando nossas atividades, sem saber quando o expediente irá se encerrar. Então, como podemos achar que os resultados são mais importantes? Será o lucro a única razão de ser das empresas? Será a morte o auge da existência humana?

Embraer anunciou a demissão de 20% do seu efetivo e o Governo não está nada satisfeito com essa decisão. Mas, como muitas outras empresas, a Embraer sofre com o conflito de interesses entre cumprir sua missão social e gerar um resultado positivo, ou retorno financeiro, ou lucro. Quando esse é ameaçado, a direção da empresa acaba pressionada para equalizar custos x receitas, o que inclui ajustes nas contas e demissões (cá entre nós, o custo Brasil é um dos grandes devoradores do fluxo de caixa nas empresas).

E, apesar de todos os pacotes criados para socorrer a economia mundial, ainda não é possível confirmar seus efeitos. Pelo contrário, observamos mais anúncios de demissões e de retração na economia. 

Parece que o remédio não faz mais efeito. Por que esses eventos estão acontecendo? Qual será a solução definitiva para a crise econômica mundial? Será que a doença que aflige a economia mundial ainda é a mesma?

Não existem respostas prontas para essas indagações. É por isso que talvez precisemos abandonar as mesma perguntas e buscar novas questões, tais como:

  • Por que temos que viver num sistema econômico baseado em consumo que transforma pessoas, animais, plantas, territórios, países, entre outros, em coisas consumíveis? Essa é a única forma da encontrarmos a felicidade?
  • Será a única função do planeta prover recursos para satisfazer as necessidades humanas? Ou será a Terra (Gaia) um organismo que integra todas as coisas vivas e no qual, com a atitude atual, o homem seria um vírus destrutivo?
  • A resposta para todos os anseios humanos é o lucro? Ou o lucro é como o Véu de Maia que encobre a verdade?
  • Nosso lar é a casa que construímos e que nos isola do mundo, impondo limites para nossas preocupações? Ou a Terra é nossa casa, a qual devemos amar e cuidar?

Novos tempos são compostos de novas idéias, percepções, atitudes, vida. Só podemos esperar que as coisas mudem se nós mudarmos, tomarmos consciência do nosso poder e assumirmos a responsabilidade como tripulantes da Nave Terra.

Só assim poderemos mudar o status quo e evoluir para uma sociedade pacífica e harmônica.


Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.