Em primeiro lugar, quero agradecer a todos que participaram da enquete sobre o que é levar uma vida simples. Abaixo apresento o resultado final:

enquete

A enquete teve como objetivo informar e gerar reflexão, mas é uma “pegadinha”, já que todas as opções são exemplos de atitudes simples.

Os exemplos foram extraídos do livro Simplicidade Voluntária de Duane Elgin.  A primeira edição do livro saiu em 1981, tendo sido revisado e atualizado dez anos depois. Mesmo assim, é um livro extremamente atual que esclarece vários aspectos sobre o conceito de vida simples.

Simplicidade Voluntária

Adotar voluntariamente um estilo de vida mais simples é diferente de viver de forma restritiva por imposições externas. Ao contrário das pessoas que são obrigadas a viver com muito menos do que necessitam, a simplicidade é escolher abrir mão de um estilo de vida imposto pela sociedade para obter uma vida mais significativa.

“A simplicidade voluntária envolve condições internas e externas. Ela significa simplicidade de objetivos, sinceridade e honestidade íntimas, assim como a renúncia ao acúmulo desordenado de bens, de numerosas posses irrelevantes ao propósito principal da vida. Representa a organização e o direcionamento de nossa energia e desejos, uma contentação parcial quanto a certos aspectos da existência, que tem por finalidade assegurar uma maior abundância de vida em relação a outros.” (apud Richard Gregg, 1936)

Vida simples como filosofia

A atitude voluntária é aquela realizada de forma consciente, direta. Por isso, Duane comenta sobre a necessidade de estarmos cientes de nós mesmos a todo momento, quando andamos, comemos ou falamos. Essa percepção permite ultrapassar a barreira dos hábitos automáticos e escolher mudar o que precisa ser mudado.

“À medida que desenvolvemos a capacidade de viver mais conscientemente, tornamo-nos capazes, não apenas de examinar as bases de nossa realidade pessoalmente construída (enquanto padrões habituais de pensamento e comportamente), mas também de observar a realidade criada pela sociedade (como padrões igualmente habituais de pensamento e comportamento que caracterizam toda uma cultura).”

Também a morte se apresenta como aliada na valorização da vida e do desapego às questões relacionadas ao status quo. Por mais que se tente, desse encontro não podemos escapar.

“A percepção de sua presença nos força a confrontar o propósito e o sentido da nossa existência no presente.”

Simplidade também é equilíbrio. É encontrar o meio termo entre excesso e carência, libertando-nos para realizar nossos potenciais.

“A adoção da simplicidade em nossa vida exige que descubramos se aquilo que consumimos promove ou prejudica a nossa existência.”

“A dificuldade é que em muitos países industrializados coloca-se uma ênfase tão excessiva no consumo individual que isso resulta na negligência do trabalho voltado para o bem estar geral.”

A necessidade de mudança social

Para Duane, caso a humanidade persista no sonho utópico de consumo exarcebado, a civilização poderá entrar em colapso ou declinará para um estado de controle governamental jamais visto, passando à estagnação da sociedade. A opção da liberdade só existe se, de forma voluntária, decidirmos compartilhar ao invés da acumular, respeitar uns aos outros ao invés de criar hierarquias, simplificar a vida ao invés de burocratizá-la.

“Um desafio crítico, presente no inverno da civilização, é a descoberta de um novo “bom senso” – um novo sentido de realidade, identidade humana e objetivo social, comum a todos, e que respeite as circunstâncias globais radicalmente mudadas.”

Concluindo

Os trechos que apresentei são uma pequena parte da profunda e envolvente visão de Duane Elgin sobre o potencial do homem e da sociedade. Recomendo a leitura.

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Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.