Embora eu acredite que o futuro da energia no mundo seja substituir o petróleo por outros combustíveis, rejeito a atitude do Conselho Deliberativo do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa de excluir a Petrobras do grupo de empresas que compõem o indicador. Segundo alguns componentes do conselho, essa exclusão deveu-se ao não cumprimento de resolução Conama que obriga a comercialização de diesel com menor quantidade de partículas por milhão (PPM) de enxofre. E, para alguns ambientalistas, o enxofre é o principal causador de problemas respiratórios nos grandes centros (sim, meus amigos: o que as indústrias em geral soltam no ar são essencias naturais).

Bom, não tenho a crença cega de que todas as empresas do indicador sejam 100% sustentáveis. O conceito de sustentabilidade refere-se a consumir os recursos sem comprometer o estilo de vida das futuras gerações. Assim, não creio que todas as empresas do ISE já tenham alcançado a excelência necessária, em todas as áreas, para serem integralmente sustentáveis. Acredito sim que todas tenham a visão e a vontade para tal, mas ainda estão à caminho (assim como todos nós, consumidores).

Estamos muito longe do ideal olímpico da sustentabilidade, já que esse ainda é um conceito mais de marketing do que de compromisso. Quem pode afirmar categoricamente que uma empresa é sustentável? Vejamos o caso de um banco, cujo objetivo está baseado em vender crédito. Essa instituição vende crédito para as empresas produzirem e também para os consumidores continuarem a consumir. Como dar crédito significa permitir que alguém tenha acesso a algo que ainda não lhe pertence por inteiro (já que não tem condições financeiras para tal), isso pode ir contra o conceito de consumir sem comprometer as futuras gerações. Apesar do potencial que o crédito tem em retirar as pessoas da pobreza, mal compreendido e incorretamente administrado pode ser uma bomba relógio.

Então,  uma empresa que continua cumprindo com seu objetivo principal, seja ele dar crédito ou vender diesel, não deve ser julgada de forma parcial (como se a responsabilidade fosse somente dela). Se o combustível continua a ser vendido é porque o Brasil precisa que as mercadorias cheguem aos seus destinos. Acredito que todas as pessoas gostam de ir até o mercado e encontrar seus produtos favoritos. Já que nem todos adotam a idéia de consumir produtos locais, o uso de caminhões para transporte de produtos é uma necessidade.

Indo pelo caminho inverso, não é a venda dos produtos que precisa mudar, mas sim o seu consumo. Do que adianta um combustível totalmente limpo se as pessoas vão continuar seguindo até os centros de consumo e se endividando?

Pois é… crédito nem tão verde e diesel nem tão poluente. O equilíbrio continua a ser a chave.

Créditos da foto: Andres Rueda


Elaine Maria Costa
Elaine Maria Costa

Elaine Maria Costa é administradora, coach e permacultora, faz compostagem doméstica desde 2009. Em 2013 mudou-se de uma área urbana para morar numa chácara em Embu das Artes – SP com o objetivo de ter maior qualidade de vida, contato com a natureza e sustentabilidade pessoal.